Notícias, informação e debate sobre as queixas em saúde, nomeadamente quanto à negligência médica e erro médico em Portugal.
9.9.10

O Ministério Público (MP), além de constituir arguido o oftalmologista holandês Franciscus Versteeg, poderá questionar a actuação da Ordem dos Médicos sobre os processos de 2004 e 2007 contra o mesmo clínico, agora envolvido no caso da cegueira de três dos quatro pacientes operados na sua clínica I-QMed, em Lagoa.

 

 

Quanto aos dois processos disciplinares contra aquele médico, a Ordem contactou-o em 2004 e 2005, mas só em 2007 fez uma visita à clínica. E, em 2010, ainda não há conclusões desses processos.

Contactado pelo CM, o bastonário Pedro Nunes afirmou que a Ordem está disponível para colaborar com o MP. Sobre os processos disciplinares, o bastonário afirmou que as conclusões deverão ser conhecidas "dentro de 8 a 15 dias".

Sobre a demora dos inquéritos, Pedro Nunes assume que "seis anos é realmente muito". E explica que o facto pode estar relacionado com a falta de recursos para investigar os 400 processos que entram por ano.

No caso de Lagoa, Pedro Nunes defende que a Ordem só pode suspender o médico depois de o Conselho Disciplinar elaborar um despacho de acusação. E critica o ex-ministro da Saúde Correia de Campos por não ter alterado a lei .

Os familiares dos pacientes cegos receberam, dia 6, as conclusões do processo de inquérito da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS). Dina Salvador, filha de Leopoldina Rosa, uma das pacientes, considerou bizarra a falta de suspensão do oftalmologista. "Como é possível haver um jogo do empurra entre o Ministério da Saúde e a Ordem dos Médicos? É uma vergonha não conseguirem suspendê-lo por uma questão burocrática", afirma, lembrando que se o clínico quisesse continuar a exercer actividade poderia fazê-lo porque nada o impede de continuar, apesar das conclusões da IGAS.

 

Link: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/saude/autoridade-chama-ordem-dos-medicos 

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Pode-se morrer por não se ser ouvido? A pergunta está a ser debatida entre a classe médica para tentar encontrar novas soluções para os problemas de comunicação entre médicos e pacientes. O assunto é um dos temas principais de um congresso de especialistas.
"Os próprios profissionais deixaram morrer o João Semana", observa o hematologista Manuel Silvério Marques, sobre o tema de um colóquio internacional que na  próxima semana em Lisboa aborda a comunicação entre médico e doente.

Segundo este investigador em filosofia, com um doutoramento sobre "A Medicina enquanto Ciência do Indivíduo", a comunicação entre médico e doente é hoje em dia "uma necessidade e uma impossibilidade".

Na sua interpretação, se é importante "dar importância à voz e história do doente", essa prática “abastardou-se com a necessidade de contabilizar a medicina ao minuto e ao segundo”. Aí não cabe, portanto, o “João Semana”, figura de clínico rural, sabedor do historial clínico de famílias e indivíduos.

É muito crítica a visão de  Manuel Silvério Marques, com prática num instituto de oncologia: “A medicina familiar continua a ser secundarizada, apesar do discurso sobre a importância dos cuidados médicos primários”.

Isto, entendido a nível político, mas “muitas vezes vemos também uma defesa de interesses meramente profissionais e pecuniários”. Além disso, refere este médico hematologista, “quando se contabiliza o tempo de uma consulta está-se a propor acabar com a  escuta do doente”. 

A boa prática médica, defende ainda Manuel Silvério Marques, implica mesmo ouvir o paciente. No entanto, estamos no tempo de “uma medicina defensiva, com grandes meios de diagnóstico”, cujo acesso facilitado faz dispensar o diálogo. Assim, “há casos em que os meios de diagnóstico não seriam precisos”.

A conversa entre médico e doente assume também importância, reconhece este especialista, numa população envelhecida e também no caso de problemas psicológicos. A falta de diálogo leva a decisões como a requisição de análises e “ao despachar do doente com antidepressivos”.

Para alterar atitudes desta natureza, Manuel Silvério Marques defende cursos de pré e pós-graduação para os médicos, por forma a que estes fiquem com competências no relacionamento com os seus doentes. Já houve iniciativas nesse âmbito, nas universidades do  Porto, Lisboa e da Beira Interior, mas desvaneceram por obstáculos ou falta de interesse.

“O que há agora são uns cursos de biotética altamente capturados por doutrinas religiosas e/ou políticas”, refere o nosso entrevistado.

A iniciativa de um colóquio sobre doença e diálogo, nos próximos dias 13 e 14,  parte agora do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (Faculdade de Letras). Além de especialistas estrangeiros, a abordagem da chamada “medicina narrativa” conta com intervenções como a do neurologista João Lobo Antunes.

Uma das oradoras, que o JN ouviu, parte de uma experiência pessoal. “Pode-se morrer por não se ser ouvido?”, questiona Teresa Casal, docente universitária. Ela viveu uma situação grave depois de uma intervenção cirúrgica com erro médico. “As minhas queixas foram ignoradas ou desvalorizadas como psicológicas”, afirma, acrescentando que  sabe que “há situações semelhantes”. No fundo, ninguém lhe deu ouvidos, mas rejeita uma atitude “de culpas e desculpas”. No entanto, frisa que “em muitas circunstâncias, não ouvir pode ser fatal”.

 

Link: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1658087 

link do postPor Inconformado, às 12:55  ver comentários (1) comentar

Quase 28% das primeiras consultas nos hospitais tiveram lugar depois do tempo máximo aceitável. E só 22% das unidades informam os utentes sobre tempos de espera. Com mais de três meses de atraso, o Ministério da Saúde divulga hoje, quinta-feira, um relatório sobre o assunto.

Segundo o primeiro Relatório Anual Sobre Acesso a Cuidados de Saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS), a que o JN teve acesso, 121 mil primeiras consultas de especialidade hospitalar foram realizadas fora do tempo máximo de resposta garantida (TMRG), num universo de mais de 438 mil primeiras consultas pedidas por centros de saúde.

O Ministério da Saúde reconhece um problema no acesso, mas prefere ver os números ao contrário: 72,5% das primeiras consultas foram dadas dentro do prazo e o número total de primeiras visitas ao hospital (2,8 milhões) cresceu 6% face a 2008. “Revela que o SNS tem maior capacidade de atender utentes, mas que ainda há um caminho a fazer para melhorar o acesso”, resume o secretário de Estado Adjunto e da Saúde. Manuel Pizarro defende-se com o aumento de consultas nos centros de saúde (mais 5%, para 33,4 milhões), área em que os atendimentos por doença aguda são todos dentro do TMRG (no próprio dia).

As outras consultas são cumpridas no prazo máximo (dez dias) em 70% dos casos, enquanto 78% dos pedidos de renovação de receitas são atendidos nas 72 horas definidas como razoáveis. Já as consultas ao domicílio acontecem em menos de 24 horas em 63% dos pedidos, enquanto a emissão de documentos cumpre apenas o prazo de 48 horas em pouco mais de metade dos cuidados primários.

No caso dos hospitais, os atendimentos fora do TMRG dizem respeito a todos os níveis de prioridade – que vão do muito prioritário (menos de 30 dias) ao normal (60 a 150 dias, a grande maioria).

“Pode haver uma consulta prioritária aos 32 dias”, suaviza o secretário de Estado. Que volta a insistir na melhoria do acesso: “Nas neoplasias malignas, 21% dos doentes foram operados fora do TMRG, mas em 2005 eram 66%” e, “pela primeira vez, a mediana de espera por uma cirurgia em oncologia desceu abaixo dos 30 dias”. Está nos 28.

A diminuição da lista de inscritos para cirurgia (15% face a 2008) e da mediana de tempo de espera (3,4 meses, contra 8,6 em 2005) e o aumento de 4% na actividade cirúrgica são outros dados que, para Manuel Pizarro, revelam a “melhoria do acesso”. Não obstante, 19% dos doentes ainda são operados fora do prazo definido para a sua situação (eram 54% há cinco anos).

O pior dado do relatório diz contudo respeito a uma das principais indicações da “Carta dos direitos de acesso aos cuidados de saúde pelos utentes do SNS”: a afixação nas unidades dos tempos de resposta e a sua divulgação na Internet. Apenas acontece, respectivamente, em 22% e 20% dos casos. Manuel Pizarro admite o fraco cumprimento, mas atribui-o ao facto de 2009 ter sido o ano de adaptação ao novo sistema de informação do SNS. “Vai melhorar”, assegura, baseando-se em dados preliminares de 2010.

 

Link: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1658121 

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