Peso certo, bons hábitos à mesa, exercício físico, vacinas em dia e alguns rastreios são a receita para uma vida saudável. Sem factores de risco ou suspeita de doença, muitos exames não trazem benefícios.
No privado, os programas de check-up custam entre 150 e 1000 euros e contribuem para a ideia errada de que um indivíduo saudável deve realizar uma lista de análises e exames de rotina para detectar doenças mais cedo. Mas apenas alguns são úteis, seguros e eficazes. Mamografia, teste de Papanicolaou e a pesquisa de sangue oculto nas fezes são recomendados, de acordo com sexo e idade.
Muitos exames propostos pelas clínicas podem dar falsos positivos, ou seja, resultados que indicam uma doença inexistente. Além disso, o paciente é submetido a exames nem sempre inócuos.
Outro exemplo é a análise ao PSA, proteína produzida pela próstata, presente no sangue dos homens. Um valor elevado pode indiciar cancro da próstata, mas também é possível que resulte do aumento normal do volume desta glândula com a idade.
Aconselhar a referida análise sem indicação nem o devido esclarecimento acarreta riscos. Perante um PSA elevado, é comum o médico sugerir uma biopsia e eventual cirurgia, o que, em muitos casos, traz incontinência urinária, disfunção eréctil ou distúrbios da micção. Na maioria dos idosos, o cancro da próstata evolui lentamente sem constituir ameaça. É preferível evitar tratamentos, sobretudo quando não aumentam a sobrevivência e diminuem a qualidade de vida.
Por rotina, certos exames mais invasivos podem até ser prejudiciais. O raio X ao tórax, por exemplo, aumenta a exposição a radiações cancerígenas e não é suficiente para detectar o tumor do pulmão. Uma tomografia axial computorizada (TAC) a todo o corpo equivale a cem radiografias ao tórax e aumenta o risco de cancro (1 em cada 2000 pacientes).
Uma bateria de análises não é um seguro de vida. O diagnóstico precoce deve aumentar a probabilidade de cura sem alarmar o paciente com resultados imprecisos. Deve existir ainda um teste de confirmação. Converse com o médico e veja quais os exames mais adequados em função do seu historial de doenças. Em conjunto, podem chegar à solução certa.
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- Controle factores de risco das doenças cardiovasculares. Meça a tensão a cada dois anos a partir dos 18, o colesterol a cada cinco depois dos 35 e a glicemia de três em três após os 55
- Dos 50 aos 80 anos, faça o rastreio anual do cancro do cólon. As mulheres devem realizar uma mamografia todos os dois anos entre os 50 e os 70
- A citologia ou teste de Papanicolaou é também recomendada às mulheres de três em três anos, após dois exames normais, desde que iniciam a actividade sexual até aos 65
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