Notícias, informação e debate sobre as queixas em saúde, nomeadamente quanto à negligência médica e erro médico em Portugal.
27.8.10

O Hospital Garcia de Orta, em Almada, já sabe o que correu mal no caso das duas crianças vítimas de uma troca de medicamentos em Junho. A conclusão do inquérito interno ao incidente está para breve. Para que o processo fique fechado falta apenas o relatório clínico final do estado de saúde da criança de 18 meses. O bebé pode mesmo ficar com sequelas permanentes e a confirmação da existência de lesões irreversíveis determinará o enquadramento disciplinar e/ou criminal em que incorrem os profissionais envolvidos no caso.

Nos últimos dois meses, e mesmo após ter recebido alta do hospital, a criança de 18 meses continuou a ser alvo de tratamentos às queimaduras provocadas pelo medicamento trocado. O objectivo era contrariar o estreitamente nos intestinos que ocorreu após o uso indevido de ácido tricloroacético. Este medicamento, utilizado para as hemorragias nasais, foi dado a duas crianças que deviam ter tomado um sedativo. Até agora os tratamentos não conseguiram inverter a lesão nos intestinos, que causa dores à criança, mas o serviço de pediatria ainda não deu oficialmente por terminada a sua intervenção. São estes dados que os responsáveis pelo inquérito esperam para concluir o seu trabalho.

Também o inquérito aberto pelo Ministério Público ainda está em curso e não foram até agora determinados os crimes em que incorrem os profissionais envolvidos. Questionada pelo i, a Procuradoria-Geral da República esclareceu que "estão em curso diligências de investigação" e "é prematuro antecipar o enquadramento jurídico dos factos". Na prática, isto significa que os dados apurados até ao momento não permitem determinar se estará em causa negligência, erro ou outro tipo de enquadramento criminal e sua gravidade.

Médica não está ilibada Os indícios recolhidos apontam para uma troca de medicamentos durante o circuito interno de distribuição. O hospital exclui que o erro tenha ocorrido na farmácia, o que iliba os funcionários deste serviço. Mas a partir deste momento todos os outros profissionais de saúde que contactaram com os medicamentos trocados podem vir a ser responsabilizados. Os que guardaram o ácido tricloroacético num frigorífico do serviço de otorrino, onde não devia estar. E a médica que o administrou, sem verificar o rótulo.

O ácido e o sedativo têm uma embalagem igual, uma tampa igual e um rótulo muito semelhante. Contudo, os dados inscritos no rótulo estavam certos. A médica, habituada àquele procedimento, pegou num pensando que era outro e terá confirmado a validade mas não o nome do tratamento que deu às crianças.

Lesões determinam indemnização Além das sanções disciplinares ou criminais aplicadas, as famílias das duas crianças podem vir a ser indemnizadas. Caso não se prove que tenha havido culpa da médica na troca de medicamentos - nem de qualquer outro funcionário -, o hospital arrisca-se a ter de pagar uma compensação monetária às famílias das crianças. Em casos de erro sem dolo, há uma responsabilidade extracontratual do Estado, a quem os dois bebés foram confiados.

No entanto, os montantes de uma eventual indemnização são muito variáveis, já que a aplicação da lei deixa aos tribunais um grande grau de subjectividade. Este cálculo depende de resto directamente da gravidade das lesões provocadas aos pacientes. Assim, o relatório clínico sobre a criança de 18 meses será também determinante para este cálculo.

Contactado pelo i, o hospital de Almada ainda não consegue adiantar uma data para o fim da investigação interna, apesar de garantir que esta está "praticamente concluída".

 

Link: http://www.ionline.pt/conteudo/75585-almada-inquerito-terminara-quando-medicos-concluirem-que-houve-lesao-irreversivel 

link do postPor Inconformado, às 14:58  comentar

 
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