«Não há nenhum hospital no país, público ou privado, com departamentos» de risco, defendeu
O bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, defendeu este domingo a criação nos hospitais portugueses de departamentos que analisem as queixas dos doentes e façam análise de risco.
«Não há nenhum hospital no país, público ou privado, com departamentos que analisem as queixas dos doentes, que tirem disso consequências e façam a gestão dessas queixas», lamentou Pedro Nunes em entrevista à agência Lusa.
Para prevenir os erros na área da saúde, o bastonário considera essencial conhecer os casos de falhas e discuti-los.
Escusando-se a falar sobre o recente acidente que envolveu a troca de um medicamento com duas crianças no Hospital Garcia de Orta (Almada), o representante dos médicos deu o exemplo dos casos de cegueira no Hospital de Santa Maria como um bom exemplo de aprendizagem.
«O que aconteceu no Santa Maria deve levar-nos à modificação de procedimentos. De imediato o hospital assinalou e assumiu o erro, identificou todos os procedimentos e passou à indemnização dos doentes. Este é que é o caminho certo», comentou.
Em Portugal e na generalidade dos países do mundo «não há dados fiáveis» sobre erros médicos ou ocorridos em meio hospitalar.
Há alguns anos, o cirurgião José Fragata calculou que um em cada 10 doentes fosse afectado por erro médico, mas o bastonário diz que estes dados não têm «qualquer relação com a realidade».
Segundo a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), ascendiam a mais de 29 milhões de euros os pedidos de indemnização aos hospitais públicos em acções judiciais por «alegada assistência médica insuficiente» entre 2005 e 2007, segundo dados divulgados no ano passado.